teus ouvidos se fecharam a todo som

dentro das nossas subjetividades individuais nos cremos muito únicos
quantas pessoas se relacionaram com alguém que tinha vergonha delas como você tem de mim?
quantas pessoas se autosabotaram dentro das relações por medo?
quantas pessoas tiveram seus sentimentos menosprezados por viverem na superficialidade do gozo?
mataram e morreram?
quantas pessoas vivem projeções de salvação num amor que restringe suas potencialidades?
hoje de manhã vi uma esperança morta no quintal
quantas pessoas se fecharam e desequilibram desembestadas após a desesperança?
é uma prepotência acreditar que essa é uma história única. minha. sua. do ego. está todo mundo entremeado nesse mesmo sentimento.
dentro das subjetividades acredito que temos finitas possibilidades
como se estivéssemos presos num ciclo programado.
sinceramente, é só quando me exponho que me aparento verdadeira, de resto só há performance social, você sabe
dar um fim criativo, é para romper com o ciclo e descobrir se temos mesmo outras probabilidades não definidas dentro de tudo que nos restringe e determina.
existe tanta potência de amar, tanta potência no mundo.
você predeteminou o que era ou não era isso, que merda ter sido limitada, agora ocupo um lugar preciso
expurgo de apego a alguém ou a uma ideia definida de amor não é exatamente destruir o ego, é dar novas formas ao ego de sempre expandir
estou crescendo de uma maneira que meu amor agora não cabe a mais você ou a alguém, nem foi morto pela desesperança. a cada estocada ele renasce.
é, está, existe, persiste, resiste como se fosse uma chama ardente de vida que se for embora me finda.
sonho e potência
não quero me envergonhar disso nem me conter para parecer melhor e forte
você faz parte de mim de uma maneira que não se explica em palavras, não tem símbolo onomatopeico que contenha você

de uma maneira tão forte que consigo até saber que você vai achar isso um saco. também me acho bem chata as vezes. reconheço o eu.
como quando a sua frieza afasta tudo ou quando gostamos da crueldade.
você ainda se lembra de qual é o sabor de usar alguém?
lembra de como se manipula e se provoca dor?
sei exatamente como se faz. "and you could have it all
my empire of dirt, I will let you down, I will make you hurt"
será que sabemos fazer diferente? é isso que estou tentando descobrir.
"pessoas são diferentes, histórias de amor todas iguais."
nisso somos similares, conseguimos passar da matéria mais quente a mais fria com tanta naturalidade.
tenho dúvidas se é um bom atributo ou se essa armadura enferruja e atrofia a nossa capacidade de sentir e ser de verdade.
reciprocidade? é uma linha que integra todo mundo, não precisa ser específico entende?
o desejo é outra coisa, é determinado pela duração do corpo em situação e movimento.
por quantas vezes você não desejou o que não tinha só porque não tinha?
rompe o ciclo pra poder reconhecer o que você tem.
e é por meu passado me constituir em memória que eu tenho carinho e amor por tudo que eu vivi. pra fugir do bug cíclico ou desapegar das dores precisamos voltar lá
eu renovo minha potência revisitando esses lugares, perdoando os meus erros, assumindo meu amor
cura.